Não queremos acordar ninguém, mais vale não entrar. É melhor ficar á porta e com um pouco de sorte chove para criar mais drama. E com este céu nublado quem prefere estrelas que magoem os olhos? Somente um louco que se queira resumir a si mesmo, desejando um brilho que nunca vai ter.
Mais vale ficar neste silêncio, com este ou outro grupo de gatos que por vezes dobram a esquina. E para quê o nevoeiro, se podemos ver horizontes infinitos que nunca conseguiremos alcançar. É, mais vale brincar com os pés que tocam no chão ao ritmo que se vai ouvindo na cabeça e com um pouco de sorte chove para conseguirmos ensopar as sapatilhas gastas. E com uma noite destas quem prefere a agitação do dia que bem lá no fundo de agitado não tem nada? Somente um megalómano inconsciente da sua ignorância, desejando tudo do constante nada que até agora foi capaz de criar.
Mais vale ficar a ouvir a conversa do consciente, com uma ou até mais vozes que não se calam por muito que possámos querer. E para quê gritar, se podemos guardar este momento para sempre, mesmo que não sirva para seja o que for. É, mais vale brincar com as pontas dos dedos que se tocam lentamente para ver se ainda se sentem, nas luvas de vagabundo compradas numa loja qualquer.
E com esta serenidade nocturna, que no fundo não deixa de ser um vulcão de emoções invisíveis ao olho nu, quem prefere um colchão para se deitar e para voltar a ter um dia como tantos outros? Só um fraco, incapaz de se enfrentar a si mesmo e que gosta de dizer que nada o consegue quebrar.
Mais vale ficar imovél ao ponto de sentirmos o nosso próprio sangue circular, para que sejámos capazes de nos lembrar que ainda funcionamos minimamente. E para quê recusar a existência, se a única coisa certa que temos na vida é a morte? É, mais vale brincar com o cabelo e sentir se já está na altura de o lavar, já que não há luz para ver se o cabelo escureceu de novo. E com todo este silêncio, com o seu ruído tão agudo, capaz de magoar os tímpanos e que lembra o cérebro a trabalhar como um frigorífico, quem prefere outro som qualquer que distraia de tal maneira que nos faça esquecer que existimos. Só um altruísta, capaz de abdicar dele mesmo perante tudo o resto e esses já só existem em páginas gastas pelo tempo.
Mais vale ficar aqui, sentir o corpo que não se mexe um centímetro que seja, onde apenas o olhar consome todas as cores e formas que lhe são apresentadas para além de todas as outras memórias que a mente é capaz de apresentar na tela negra da consciência. É, mais vale ficar aqui quieto, deixar os outros dormir e com um pouco de sorte chove para ver se ainda somos capazes de nos sentir limpos.
sábado, novembro 25, 2006
Subscrever:
Enviar feedback (Atom)
4 comentários:
posso repetir me? apetece me um colchao para me deitar. la fora chove a cantaros. aqui dentro ta tudo seco, sekinho.
como tas? como tens passado? o k tens feito? ja conseguiste emprego? como tao todos? tens visto muitas cobras nas arvores? tenho saudades. apetece falar contigo.
Os megalómanos pouco têm de inconscientes - deve ser por isso que são tão chatos - por outro lado, os altruístas morrem cedo.
Com o cérebro a trabalhar como um frigorífico vai ser um Inverno difícil! :)=
Abraço!
[ ... ]
Beijos*
\m/
sim senhor.
muito bom blog.
Enviar um comentário