sexta-feira, julho 08, 2005

Só mais um orgasmo

Madrugada.
Está tudo no seu devido lugar.
O mundo cumpre o seu horário, nascem e acabam vidas, sorrisos, choros, discussões, declarações, olhares, danças, passeios, fugas, seduções, orgasmos, tudo está a acontecer neste preciso momento. Aqui tudo está parado.
No chão, com as costas na parede fria, enquanto olho para o tecto de madeira, ouço as folhas lá fora que se masturbam numa orgia a que chamámos vento. Nada mais. Apenas folhas que se acariciam mutuamente. A porta á minha frente abre-se lentamente e nada. Ninguém entrou. Fiquei com calor e o vento parou. Sussurro mais uma vez as palavras que não existem. A televisão ligada mostra-me tudo aquilo que eu já vi e me é familiar. Futilidade. Persegue-me. Consegue ser melhor do que eu.
Terei que cortar o cabelo para me encaixar num grupo de pessoas que reagem e sentem as coisas de uma determinada maneira, terei que usar roupas para que as pessoas reparem nelas e se apercebam a como pertenço ao grupo que está na moda mesmo que o objectivo seja fugir dela, terei que usar palavras certas de maneira a parecer um poço de apatia. Só assim serei alguém, igual a todos os outros.
Eles gostam de brincar com os sentimentos uns dos outros. Existem manhas, leis, regras que obedecem para que tudo dê certo. Existe arrogância, audácia, falsa ingenuidade nos actos. E no final do dia todos deitam a cabeça nas suas almofadas felizes do que fizeram na vida até ao momento. Servem-se de modas e anti-modas. Ninguém é puro. Todos dormem. Filhos da puta!
O mosquito pousou no meu braço. Deixo-o continuar com o seu ritual e sinto a picada. Voou. Sou amargo.
Tenho as veias desenhadas a preto no meu braço esquerdo e assobio. Sorrio.
Concentro o olhar na guitarra sem cordas que está no chão. Ainda se consegue ouvir a distorção que continua no amplificador quando num momento primitivo, reagindo a sons cheios de raiva que acordaram aqueles que dormiam, arrancava as cordas num orgasmo musical.

3 comentários:

Anónimo disse...

nao.
tens que...
nao sei.
tou demasiado confusa pa perceber qlq coisa k seja hoje.

bjinho*

(e era bom k eu deixasse de deixar comentarios desnecessarios aqui. nao era?)

zirumbi disse...

bom. muito bom bruno. estas parado mas nao estas, na realidade. bom. fossem todos os orgasmos assim, um grito de furia contra este mundo de braços cruzados que dorme descansado por ter sorrido amarelamente o dia todo.

continua rapaz... nao pares de olhar.

Anónimo disse...

olá

não sei bem como mas vim aki parar, bem, acho k foi pelo da chaka, isso não interessa!

Gostei, gostei do título, pk os orgasmos não se passam apenas na hipofice (ou será k é hipofalo?? sry, mas confundo estes nomes).

Gostei de me fazeres pensar q as folhas a voarem no vento estão, não só a serem arrantadas mas sim, a darem carinhos mutuos, isso é mm mto fixe!

Neps, não somos todos filhos da puta, nem toda a gente se preocupa somente com o aspecto, nem todos obdecem ao k lhes é imposto.
Sinceramente, não tenho a certeza se acredito mm no k acabei de escrever, mas lá no fundo, kero acreditar

Mais uma vez, gostei, só é pena a cor preta no fundo e branca nas letras. Não deves ter ideia da dificuldade que tive em ler tudo, mas isso já deve ser um defeito dos meus olhos, não sei.

:) ***