sábado, junho 17, 2006

never ending thought

Raramente me lembro que tenho 20 anos. Quando o faço, sinto-me velho. Detesto falar sobre mim e nunca sei o que dizer porque penso mil e uma coisas e nunca sei o que dizer sobre elas. Não faço nada de jeito na vida. Tenho uma paixão assumida pela Melanie Griffith que começou na personagem Lulu do Something Wild e pela Kim Gordon dos Sonic Youth. Gostava de ter conhecido o Jack Kerouac. Gosto de gatos. Não gosto de cobras, perto de mim. Não gosto do meu quarto. Não gosto do local onde moro. Passo o tempo a escrever, a fumar e em paranóias constantes dentro de mim mesmo. Gosto de pintar os olhos, usar guizos nas roupas e oculos dos anos 80. Gosto de all stars e roupas ás riscas. Não gosto é da onda alternativa que hoje se formou que todos têm que usar roupas ás bolinhas e ás riscas, franjas e ouvir bandas que não passem na MTV. Gostava de trabalhar numa loja de música, mesmo sabendo que hoje em dia, mesmo as pessoas que apreciam música preferem sacá-la da internet. Gosto de fazer feedback com a minha guitarra e do meu pedal de distorção. Gosto de perder o controlo enquanto toco quando ninguém vê. Gosto de drogas e dos seus efeitos que me afastam de tudo o que possa existir. Não gosto de me sentir a toda a hora um adolescente sem rumo. Não gosto das pessoas que neste momento me estão a julgar ao ler isto. Não procuro um futuro brilhante. Aliás, não procuro seja o que for. Viveria na rua com as pessoas certas. Exploro a baixa sempre que posso até as pessoas me conhecerem de vista. Não socializo muito. Poucas pessoas me conhecem. Ainda menos as que me falam. Sou conhecido por ser aquele que ninguém conhece. Passo o dia a ouvir música, até mesmo na minha cabeça. Gosto de tentar tocar guitarra em locais fechados. Gosto de passar noites num anexo cheio de pó, brinquedos velhos, garrafas vazias, colchões velhos, longe da vida como a possa conhecer, improvisando na guitarra, delirando na droga e em conforto por me sentir longe de mim mesmo. Não gosto de sentir o tempo a passar por mim como acontece, sabendo que desperdiço minutos que nunca voltarão, mesmo que não consiga fazer nada para mudar seja o que for. Gosto de fotografia. Gosto de sair à noite, para locais que poucas pessoas vão. Gosto de concertos. Gosto de sítios calmos. Gosto de estar em silêncio com alguém e conseguir sentir que a outra pessoa se sente bem. Não gosto de mim como me conheço. Gosto de dormir em florestas. Passo noites em claro, em angústias inexplicáveis e desesperos pouco comuns. Nunca digo nada de jeito quando tentam falar comigo sobre alguma coisa. Gostava de me sentir totalmente livre no meio deste mundo de coisas que acontecem onde nada me consegue dizer seja o que for. Gosto de adolescentes que se consigam sentir a eles mesmos e que gostam de conhecer pessoas assim. E não gosto de começar todas as minhas frases por gosto.

5 comentários:

katzinha disse...

desculpa a invasão...mas descubri o teu blog atraves da juni que me disse que tinha gostado muito...a curiosidade picou-me e tive que ler...e pronto...fikei fascinada com a tua forma de escrever e muitas vezes a dureza das tuas palavras...podendo ate dizer que em muitas me identifico...
peço desculpa de novo...
*

FilipaC disse...

Sabes cm este texto fizeste.me lembrar o Pedro Paixão.
Não me perguntes pq.

*

.anna. disse...

pois comentado agora este outro texto, posso acrescentar que gosto de começar frases com as palavras "nao gosto" apenas porque gosto de nao gostar de muita coisa. e porque gosto de tanta coisa que mais vale nem começar...(: por exemplo, gosto de saber que nao sou a unica pessoa que se sente de alma velha, de coração gasto e com necessidade de explodir um pouco. no entanto, como tu, impludo. é pena.

"adolescentes" como diria a minha mae... seguindo da bela "roda lá essa merda!"

Anónimo disse...

eu nao vou a decir muito... mmm ??
Leyendo esto logro rellenar lo que se vacia al paso del tiempo.
I like it :P

*Sphynx* disse...

Gosto gosto gosto...

gosto de ti
gosto de gatos!!

gosto de te ler...

***