Dói-me.
Por muito que eu queira erguer e caminhar acabo sempre por cair e sofrer. E sabendo isso, deixo-me ficar aqui, de olhos húmidos, sentindo a dor do mundo que sinto e vejo. Quando sinto que o que me dava um sopro de vida, um toque suave que me fazia sentir vivo desapareceu, nada me resta a não ser a dor do abandono, dor que me deixa completamente desorientado, um aperto no peito tão forte capaz de me fazer vomitar o coração.
Talvez seja isso que tenha que fazer, vomitar o meu coração podre. Ver o que todos os apertos ao longo deste tempo todo lhe fizeram, como se aparenta usado e gasto, cansado e com apenas um pequeno fio de vida.
Não sou suficientemente forte para fazer frente a uma vida cheia de pontas afiadas e por saber isso lamento muito. Sinto que desiludi toda a gente que poderia desiludir, que destruí tudo aquilo que um dia me foi oferecido, que quebrei todas as regras que outrora me ensinaram, que me perdi tentando entender e viver a vida que me deveria fazer sentir vivo. Não sinto a emoção de viver que muita gente possa sentir. Não me assusto por saber que confesso a mim mesmo como não me importaria de desaparecer amanhã. Talvez a vida me tenha tornado amargo, talvez de tanto apertarem o meu pobre coração, levaram a força de viver e deixaram um sussurro por uma paz inalcançável.
Apenas encontro vida em pequenos bebés que me olham fixamente quando viajo no autocarro, encontro de tal modo que me faz viajar ao tempo em que tudo ainda não tinha perdido o seu encanto, quando tudo era uma aventura e os dias, hoje, pareciam mais longos, vividos ao limite, com riso, correria, descobertas… Desde que descobri para que serve o meu pénis perdi a inocência. Os dias são como todos os outros. E todo aquele tempo parece motivo de vergonha ao relembrar.
Acho que hoje em dia, com percepções diferentes de tudo aquilo o que me rodeia, perdi o interesse. Perdi-o porque me sinto sozinho e sem vontade de viver. Perdi-o porque tudo parece cinzento e não há quem existiu para espalhar cor à minha tela, como o fizeram na perfeição. Decidiram observar-me de longe, por mais doloroso que isso seja. Decidiram desistir do que um dia acreditaram, deixando-me de olhos fechados à espera de um beijo que não chegou a ser dado. O beijo que não seria apenas uma junção de lábios, mas sim um acto de amor, de carinho que traria uma mensagem como, eu trato de ti, não te preocupes, quero-te, não te deixarei cair, serás sempre meu. O beijo traria um mundo de emoções e promessas que coloriam o meu mundo cinzento. Seria a razão para acordar pela manhã com um sorriso, caminhar na chuva sem preocupação e iria criar o escudo de tudo aquilo que hoje me atinge com toda a sua força. Perdi muita coisa.
Hoje não sou alguém, porque se fosse ninguém seria alguma coisa. Quero-me fora de mim por tudo aquilo que fiz, sou ou fui. Será possível um ser cansar-se de si mesmo? Talvez. Tudo em mim se fartou de ser, mesmo até o que nunca foi. Entendo quem um dia disse que somos o nosso pior inimigo ao confessar hoje o que sinto á tanto tempo que já não consigo determinar.
Rotinas que acabaram com a vida que parei de viver.
Rotinas de dor.
Solidão.
Apatia.
Pensamentos.
Ideias.
Conclusões.
Suposições.
Sobre mim.
Sobre tudo.
Que me confessam.
Que não me chegam a confessar.
Que me confesso.
E impludo mais uma vez.
A minha mente persegue-se a si mesma de tal modo que me cansa fisicamente. Grita consigo mesma aquilo que nenhum de nós gostaria de ouvir de si mesmo. E é apenas nestes momentos de confissão, seja com lágrimas, respirações descontroladas ou apenas um sono pesado de quem se medicou demasiado ao ponto de não se recordar do que escreveu, que exponho a minha alma de um modo para que, se amanhã não vier, hoje perdurar a última memória de quem desapareceu por não aguentar estar num mundo que parou de viver. Viverei apenas nestas palavras lidas pelo pensamento de alguém.
quinta-feira, janeiro 12, 2006
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3 comentários:
A vida é feita de coisas boas e outras más...algumas nos deixam uma marca profunda cravada no peito, outras nem tanto assim. Por vezes somos guerreiros solitários mas o importante mesmo é não desistirmos de nós próprios e teimarmos o caminho.Fácil...não é, mas também não é impossivel. Um xi bem apertadinho e um beijo enorme para ti :)
oh, senhor brunu, não podes ficar assim só porque eu te ganho a jogar ps2. não penses mais nisso...
hey, tu vives, sabes q sim, vives aqui dentro. tenho uma coisa para te escrever, mas não tenho tempo.
não te quero ver assim, coisa loira que perde a jogar ps2.
vai ficar tudo bem *
A vida é um longo caminho que temos pela frente, cheio de encruzilhadas, curvas e pedras, muitas pedras...tropeçamos imensas vezes, caímos...mas acredita que de cada vez que nos conseguimos levantar ainda que muito maltratados, estamos prontos para continuar, mais fortes e seguros de nós próprios, a próxima pedra que nos apareça pela frente já vai ser mais fácil de a afastarmos sem que ela nos derrube primeiro... Acredita em Ti. Beijos
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