sexta-feira, fevereiro 24, 2006

Dead inside

As palavras estão tão gastas.
Cada dia é um tormento que tento sobreviver. Desde que ganho consciência da minha vida quando, ainda de olhos fechados, volto a ouvir o silêncio do meu quarto, despertando algures entre um dia que já nasceu á algum tempo. Cada dia é um tormento que aos poucos vou perdendo a força para sobreviver quando vagueio sem destino sentindo o dia a escapar entre os dedos, a vida a ser desperdiçada, os problemas e conclusões que criam este mundo de emoções angustiantes dentro de mim e não me largam um segundo que seja. E as noites solitárias que trazem o silêncio que tanto magoa e nos envolve ainda mais em nós mesmos.
Não é segredo nenhum. A minha vida fugiu-me. E fiquei eu, aqui, vazio.
Olhem para mim. Olhem para dentro de mim. Leiam a minha pobre alma que se apaga à medida que o tempo vai passando. Não trago mais nada em mim a não ser a angústia de viver, a dor de tanto em mim sofrer, a tristeza por tudo perder e o desespero por nada, nada, conseguir ter.
Tenho um choro tão puro dentro de mim que se sente bem demais neste silêncio. Um choro que não se preocupa em conter, recheado de dor. Mas que apenas faz com que o meu olhar desça até aos meus pés e force o maxilar num acto de desespero. Estou apenas a reviver em mim memórias que despedaçam este coração, só mais uma vez. O futuro não é nada mais do que mais tempo para recordar o tempo que passa. E com ele os sentimentos e emoções que em mim permanecem. A vida ficou para trás. Não há futuro sem ela.
Há um olhar morto, espelhando a inexistência de vida neste corpo. Mais tarde ou mais cedo, mais uma noite voltará e trará toda a dor e todo o sofrimento que não me larga por eu ter morrido para tudo o que possa existir. E com essa noite, voltará também mais uma manhã que trará aquele despertar tão triste e que um simples abraço à almofada não chegará para confortar. Lá fora chove, faz sol. Cá dentro morre-se, sempre.
As palavras estão tão gastas…
São mais que muitos os suspiros e as vezes que o rosto é escondido pelos braços e as mãos de alguém que tenta de algum modo esconder esta dor.
Um dia explodirei em todas as vossas mentes. Vou dar o grito que acabará com este pesadelo, e será ouvido em todas as mentes em que eu possa existir enterrado. Verão este olhar morto que tudo observa e tudo sente, como se já não tivesse visto e sentido demais.

quinta-feira, fevereiro 16, 2006

Leva-me embora

Leva-me embora.
Fico noites inteiras à espera que a pedra bata na minha janela mas nunca apareces. Eu aqui só tenho dor, sabes muito bem. Colapso todas as noites quando entro em conflito comigo mesmo. A dor de ser quem sou não podia estar mais presente em todas as noites que aqui sozinho fico pensando em tudo aquilo que fez com que me perdesse de mim mesmo.
Deixei a escola, como tu um dia disseste que ia fazer. Sinto-me fraco demais para enfrentar os dias como eles se tornaram. Cheios de uma dor que o tempo trouxe de volta e juízos de valor por aquilo que me tornei. Já não sou metade do que fui. Perdi toda a minha vontade de ser alguém para mim mesmo. Desisti de mim quando me apercebi que tudo aquilo que um dia acreditou em mim me virou costas. Nunca devo ter merecido seja o que for. Mereço este silêncio que magoa nestas noite mortas, que trazem todos os fantasmas que assombram esta pessoa que aqui morre.
Não tenho futuro. Tudo me deixou para trás e com isso sou incapaz de acreditar em tudo o que me possa salvar. Os meus dias tornaram-se em sonos profundos e as noites em horas de solidão acompanhadas de cigarros até que o sol nasça novamente. Mas acabo sempre por ouvir os gritos que se dão fora deste quarto. São por mim. Esta descendência nunca irá vingar. Aos poucos a minha dor alimenta-se de ela mesma ao ponto de não me querer sentir mais uma vez. Sinto-me tão farto de mim mesmo. Leva-me embora daqui, por favor. Até mesmo as ruas desta cidade se tornaram familiares demais. Que prazer tenho eu em visitar sítios que conheço melhor que eu mesmo? Sempre disseste que mais tarde ou mais cedo eu iria chegar à conclusão de quem realmente sou. Tinhas razão. Sou simplesmente alguém que não merece nada a não ser o ódio por ele mesmo. Ódio.
Ódio. Dor. Por tudo aquilo que eu já senti e entre os dedos escapou. Tudo aquilo que levou quem era e me deixou sem saber quem sou. É por isso que te peço, leva-me embora. Roubei o pouco dinheiro que havia em casa e tenho duas trocas de roupa. Se não vieres comigo vou eu sozinho. Quero ir por estradas secundárias, cortando Serras, aldeias e pequenas ou grandes cidades. Não quero proferir uma palavra que seja. Viajar. Só viajar. Quero deixar toda a dor que me atinge neste quarto, ouve-me, por favor. Levo comigo apenas a dor que em mim permanecer e espero deixá-la pelos locais que visitar, que com as pessoas que conheça arranje maneira de a esquecer. E não precisámos de voltar. Comemos pequenas refeições para alimentar, de vez em quando comprámos álcool para rir e dormimos em becos sem aborrecer ninguém.
Eu só quero fugir de mim mesmo e do que vida me trouxe. Do nada que me espera e da angústia que comigo mora. Por tudo aquilo que me perderia em lágrimas se tentasse explicar mais uma vez como já o fiz a mim mesmo vezes sem conta. Quando a nossa existência nos dói, algo está muito mal. Quando somos motivo de vergonha, quando não temos futuro, quando somos abandonados, quando não conseguimos voltar a sentir de novo, quando passámos noites tão solitárias que nos matam aos poucos, quando não encontrámos prazer em seja o que for, quando sentimos que não pertencemos onde estamos, quando sabemos que nada em nós irá mudar… por favor…
Eu sei que não me conheces de lado nenhum, mas leva-me embora.
E não precisámos de voltar. Eu só quero é viajar. Viajar.

segunda-feira, fevereiro 13, 2006

NONE

OF

YOU

WILL

EVER

KNOW

MY

INTENTIONS

terça-feira, fevereiro 07, 2006

vazio

Apetece-me chorar.
A cidade já dorme e apenas eu continuo aqui a drenar dor. O peito está tão pesado que as lágrimas custam a sair, o corpo treme e os monólogos dentro de mim não param. Eu não sou o único neste mundo mas estou só. Aqui e em mim, sou o único. Não tenho ambições, não tenho objectivos, não tenho esperança, não tenho vida e as primeiras lágrimas banham o rosto. 20 anos. Cala-te. Não me quero consciente. Tenho que me drogar.
Não tenho rumo nem motivações. Apenas a de colocar um ponto final em mim mesmo para que não me volte a ser novamente.

Fevereiro já chegou meu amor.
Meu amor, meu amor, meu amor…
Meu amor!
É tão doloroso amar fora de tempo.
A sinfonia toca no vácuo.
É tão frustrante viver num mundo que não me diz nada.
Já ardi tanto dentro de mim.
Tanto sentimento em tão poucas palavras, “meu amor”.
As lágrimas não param por nada do que possa existir.
Elas são dor simplesmente.
Gota a gota.
Um pensamento.
Um grito silencioso.

Quero-me deitar no chão de braços abertos e dormir, dormir, dormir. Não quero acordar mais uma vez para voltar a mim mesmo de novo. Ouço os meus ais cá dentro, como um choro de uma criança. Ai… que desespero… Não aguento.
Quero um grito que se ouça em todas as mentes que me conhecem. Sintam-no.
As existências apagam-se mas a vida continua.



O sol amanhã volta para quem acordar.

domingo, fevereiro 05, 2006

Sonho

Estavas diferente. Olhavas para mim com uma cara tão triste.
Sem que te fizesse qualquer pergunta e tu prestes a soltar lágrimas, disseste que estavas mais gorda e que eu não ia gostar mais de ti. E eu abraçando-te com um pequeno riso que negava qualquer um dos teus medos, repetia mais uma vez junto ao teu ouvido que te ia querer, seja de que forma fosse.
Mas… eu nem te tenho.

sexta-feira, fevereiro 03, 2006