segunda-feira, dezembro 18, 2006

Tenho uma história para contar

Tenho uma história para contar sobre um rapaz que nasceu numa aldeia nos anos 80, que se tornou vila nos anos 90. Local que mais tarde costumava apelidar como "o fim do mundo".
Foi criado pela avó desde criança e desde pequeno teve as suas aventuras de cair de sítios relativamente altos até levar com um prato na testa quando desprevenido a mãe lhe disse para apanhar. Não havia muito para fazer nem muito para onde ir. Os pais gostavam de vesti-lo de marinheiro ocasionalmente. Deve ter ido a umas 50 excursões para vários locais de Portugal com a sua avó, onde ficavam os dois a dormir uma ou duas noites em sitios diferentes. O ritual era sempre o mesmo: acordar sempre as 4 da manhã e apanhar o autocarro com os amigos dela. E aos 5 anos, quando ainda ria com a família e a beijava, ameaçou ir embora e pegou em alguns brinquedos e chocolates, embrulhou-os num pano e amarrou-o a um pau, partindo lentamente para a floresta que existia a poucos metros da casa dele enquanto os pais lhe diziam adeus, rindo-se da figura dele. Desde pequeno sempre teve um primo que morava ao lado e um amigo que lhe também lhe era meio primo. Tornou-se próximo do seu meio primo de tal maneira que ora um, ora outro, passavam tardes inteiras na casa um do outro a olhar para uma televisão onde se jogavam jogos que, ora amuava um, ora amuava outro. Quando entrou para a primária ficou numa daquelas turmas enigmáticas que todos eram capazes de se destacar de qualquer forma. Só levava réguadas quando tirava suficiente em vez de bom e daquela vez que, lembrando-se de um desenho animado sobre baseball, estava a atirar pedras contra a parede e alguém se lembrou de passar a correr na trajetória da pedra que já ia lançada no ar. E viu sangue por todo o lado.
Não criou nenhuma relação em particular com ninguém que conhecera na escola, nem aqueles namoros queridos onde só é preciso dar a mão. Já no ínicio do básico conheceu um rapaz que veio de Angola e outro da outra ponta da vila e, contando com o seu meio primo, os quatro iam juntos para todo o lado e passavam bastante tempo a jogar futebol. Tendo em conta que permaneceram todos na mesma turma durante anos, esse quarteto manteve-se junto quase que inconscientemente. Bastava tocar para fora e iam os quatro para algum lado, não alienando o resto das pessoas existentes. Ia com o seu meio primo todos os dias para as aulas, desde a primária, entravam na mesma paragem de autocarro e iam embora sempre os dois. Coisa que se manteve como algo diário até ao seu 11º ano escolar. A meio do básico, como o dinheiro não era muito e não havia leitor de cds em casa, pedia a outras pessoas para lhe gravarem cassetes de bandas que tinha curiosidade de ouvir como Metallica ou Offspring e longas tardes se passaram deitado no sofá enquanto ouvia sempre as mesmas músicas. E deixou de ouvir os vinyls do pai dos Passarinhos a bailar, Pink Floyd e hits dos anos 80. Nunca andou á porrada com ninguém, mesmo quando havia todo o tipo de gozo ou ameaças sobre a sua pessoa. Ganhou uma vez um concurso de flauta e recebeu como prémio uma harmónica, por mais irónico que pareça. Os dias, esses eram passados, ora na escola, onde as aulas eram algo que umas vezes mais que outras passavam rapidamente, e o intervalo era sempre ocasião onde acontecia sempre alguma coisa, ora em casa matando tempo.
Já em casa, comia, dormia e pouco falava, porque com o tempo, foi perdendo a capacidade de demonstrar qualquer tipo de afecto ás pessoas, sobretudo quando os pais discutiam semana sim, semana não, ao ponto do próprio pai não ir trabalhar quando mais se precisava de dinheiro. E isso baralhava-o bastante mesmo que não levantasse nenhuma pergunta a alguém. A avó, que morava ao lado do rapaz, ia começando a ficar doente e ao mesmo tempo o pequeno não a abraçava ou se sentava no colo dela como outrora fazia. A avó chegava-lhe a perguntar se ele já não gostava dela e chorava enquanto ele lanchava, não lhe dizendo uma palavra. Diversas vezes. Coisa que o iria perseguir mais tarde.
O quarto tinha uma alcatifa azul e era bastante pequeno. Levou muitos estalos enquanto escondia a cabeça na almofada naquela cama velha pelas asneiras que costumava fazer ou pela maneira que simplesmente era. Mas esse mesmo quarto com o tempo serviu como lar ao seu primeiro felino. A chica. Uma gata dada por um amigo da mãe e que adorava dormir aos pés do rapaz. Passaram uns bons 3 anos os dois colados. O dono chegava encantado a casa para ficar abraçado e dormir com a gata e ela não se fazia de difícil. Gostava de subir para o armário porque tinha medo de relâmpagos, era alvo de constantes tiros de vizinhos que chegaram ao ponto de lhe cegar um olho. E um dia morreu. Sendo talvez a primeira coisa mais triste que ja tenha sentido.
O rapaz foi crescendo, sem muita confiança com alguém, somente com as pessoas que o conheciam de infância e mesmo assim nunca lhes confessou como gostava da companhia deles. Não porque não quisesse ou se julgava melhor que todos os outros, mas com os seus 13 anos, assim como mais tarde, pensava sempre que não havia muita gente que era capaz de querer realmente estar com ele, porque quem conhecia só estavam porque conheciam alguém que ele conhecia.
Descobriu o sexo tão rapidamente assim como o esqueceu. De tal modo que à medida que a idade ia aumentando, o rapaz ia pensando se gostava realmente de raparigas, sobretudo quando toda a gente que o rodeava já tinha tido mais do que uma espécie de namorada e ele nunca sequer tinha ponderado semelhante coisa. Era algo que não lhe passava pela cabeça. Até ao dia que uma rapariga que nunca tinha reparado que existia disse que o queria conhecer. Mesmo assim, a vontade de ter que passar os intervalos com alguém que não conhecia de lado nenhum, sobretudo uma rapariga, na qual a sua definição eram pessoas que riam enquanto diziam que ele precisava de se alimentar, não era muita, ao ponto da rapariga ter que combinadar hora e local para tentar beijá-lo e ele não ter ido. Assim, o tempo levou o interesse da rapariga embora.
As pessoas com quem passava o tempo iam conhecendo outras pessoas e o rapaz ia ficando no seu espaço que se tornou de tal maneira grande que pela primeira vez reconheceu que todo este tempo tinha andado sempre um pouco sozinho. Mas toda a gente tinha uma opinião diferente sobre ele. Ora era estupido, ou simplesmente estranho. Simpático ou apenas calado. Mas todos tinham uma opinião que ele era incapaz de dizer qual a certa ou a errada, tornando-se aquilo que era para os outros.
Já no fim do básico, mostrava interesse na disciplina de história porque a professora gostava de brincar com ele e o seu colega de mesa, o rapaz do outro lado da vila que conheceu quando entrou para aquela escola. Algumas pessoas que conheceu na primária ficaram para trás e outras novas entraram. Mas no fundo, nada tinha mudado. E quando entrou para o secundário o seu meio primo continuou na sua turma. Os outros dois amigos foram para turmas diferentes e todos costumavam encontrar-se no intervalo da nova escola. Era tudo novo mas de alguma forma desinteressante. Conheceu outra pessoa que mostrou o minimo interesse em falar com ele que curiosamente morava perto da sua casa, mesmo que no fim esse amigo se tenha mudado com a familia para angola, perdendo o contacto com ele para sempre. Até ao dia que recebeu uma carta com 40 doláres para comprar e lhe enviar alguns cds, coisa que nunca chegou a fazer, mesmo que tenha comprado os cds e com um peso na consciência deixou o tempo passar e os cds por enviar.
Naquela altura, o rapaz conheceu uma rapariga que falava com ele sempre que podia e pela primeira vez o rapaz foi mantendo contacto com uma pessoa do sexo feminino. Ele ouvia os problemas que lhe eram apresentados e ajudava no que podia, sem qualquer das intenções. Mas um dia recebeu um beijo. Poucos dias se passaram, mas o rapaz deslocou-se á cidade da rapariga a pedido dela no dia dos namorados e com ele levou uma pequena lembrança. Nesse dia, após o reencontro e uma troca de lembranças, estavam a tentar entrar numa discoteca qualquer juntamente com duas amigas da rapariga, apareceu um grupo de rapazes que os levaram para um sitio onde conseguiram entrar. Lá dentro, a rapariga que o rapaz beijou, disse que não queria nada com ele e foi para outro piso com um dos rapazes do grupo que tinham conhecido e passou a noite com ele. Foi uma longa noite onde o rapaz ganhou um certo medo a raparigas.
As semanas seguintes, foram passadas em silêncio total mesmo até com o seu meio primo, pelo choque de tais acontecimentos que só o fizeram pensar como realmente conseguia ser desnecessário. Os pais conseguiram arranjar dinheiro para um computador e não tardou até que o rapaz descobrisse a internet e toda a música que conseguia imaginar. Ao mesmo tempo, na sua nova escola, conheceu outro rapaz de outra turma, descontente com o que estudava e enquanto os dois faltavam a aulas repetetivamente, resolveram os dois voltar para o 10º ano estudar a mesma coisa.
Foram tempos diferentes onde conseguiu conhecer outra pessoa com aspectos em comum sobre coisas que ia adquirindo e mesmo não estando na mesma turma que o seu meio primo, não o impedia de combinar passar tardes inteiras na casa dele nem que fosse só a falar.
Nesta altura da adolescência, o rapaz não mantinha qualquer relação com as pessoas que viviam em casa dele e como um bloqueio, via-se incapaz de mudar seja o que fosse, mesmo que tal coisa o prejudicasse como prejudicava. A sua mãe encontrou um gato já crescido na rua que costumavam chamar tareco. E a casa do rapaz foi o lar do gato durante um mês. Tempo que o gato aproveitou para comer e dormir durante o dia. Durante a noite saía e só aparecia ás 9 da manhã. O Tareco tinha uma postura tão independente que nem uma festa deixava fazer no seu pêlo branco. E no final do mês, após umas lutas com os gatos vizinhos, nunca mais voltou.
O rapaz, com o seu meio primo, foi descobrindo as belezas do álcool e como esta e aquela bebida eram capazes de, por vezes fazer esquecer tudo de errado que com o tempo ia pensando sobre ele mesmo e tudo o resto ou que por vezes, ou em certas alturas, reflectir seriamente sobre a vida que até ao momento não tinha começado realmente a viver.
Desenvolveu o gosto pela música e a escrita. Ao ponto de querer ter vivido nos anos 50 e ter conhecido ou até viajado com o Kerouac. Comprou uma guitarra eléctrica usada, na altura, por 18 contos, mas só meio ano mais tarde lhe deu uso, quando teve dinheiro para comprar um amplificador, começando a tentar aprender sozinho. Já nessa altura, o rapaz conheceu uma rapariga que o tempo lhe mostrou como gostava de falar com ele. Despercebido e talvez um pouco parvo, o rapaz nem se apercebia a vontade que a menina com quem falava tinha de estar com ele. E só foi capaz de descobrir, quando uma vez, numa sessão de cinema que nunca mais foi capaz de esquecer, a rapariga frustrada perguntou se podia dar-lhe a mão e os dois lentamente e suavemente foram descobrindo a pele suave de ambas as mãos. Por momentos foi capaz de esquecer qualquer má experiência e só se sentiu absorvido pelo cheiro da pessoa que inesperadamente lhe ofereceu os lábios num momento tão único que mais nenhuma história será capaz de contar. Foi a partir desse dia que os dois começaram a acordar pela manhã sorridentes. O rapaz acordava pela manhã com uma paz que nunca tinha sentido desde que se lembrava dele mesmo. Era como se as ruas que ele se fartava de caminhar desde sempre tivessem novas cores, quando se lembrava dos olhos que o olhavam com tanto carinho. Por mais cliché que lhe pudesse soar, sentia-se alguém, como se lhe tivessem encaixado uma peça que nunca tinha encontrado, sentia-se completo, talvez por sentir pela primeira vez algo que nunca tivesse sido capaz de sentir nem por ele próprio.
E vieram as sessões de cinema intermináveis e os longos passeios a pé onde por vezes se perdiam objectos que o rapaz insistia em procurar e dá-los como surpresa no dia seguinte. Vieram umas férias inesqueciveis, onde tanto o rapaz como a rapariga ficaram longe de tudo e todos e viveram durante um mês numa aldeia feita de ruas de pedra, estreitas, por onde passeavam á noite, depois de um jantar a dois. A vida do rapaz tinha um sentido e de repente era tão bom sair á rua, como adormecer sabendo que não estava sozinho. Sentimentos que o levaram a pensar e sentir as coisas mais loucas. Desde a perceber como também provou o amor que nunca tinha visto em lado algum, finalmente tinha-se sentido sexualmente atraído por alguém. E era tudo o que queria. E isso manifestou-se de todas as formas possiveis. Desde a um simples olhar a um simples toque, sempre na esperança que fosse o suficiente para dizer o que muitas vezes é mais bonito de se dizer sem falar. Convenceu até o seu meio primo e o rapaz que mudou de turma com ele a irem com ele á porta de casa da rapariga segurar um lençol com letras enormes enquanto o rapaz esperava a rapariga na escola dela, no seu dia de anos. E por mais lamechas que pudesse parecer, não havia nada melhor do que ver aquele sorriso na cara dela.
Mas ao mesmo tempo, a avó do rapaz foi tornando-se cada vez mais doente. Ao ponto de já nem conseguir falar ou sequer mexer. E não houve pior coisa para ele do que vê-la na cama de um hospital a olhar fixamente para quem á anos que não mantinha uma relação como outrora manteve. E chorava, sem dizer uma palavra que fosse enquanto a mão dela tentava apertar a dele com aqueles olhos que mal pestanejavam, como se estivesse a tentar dizer alguma coisa. O rapaz sentiu-se um nada sendo incapaz de dizer uma simples frase, demonstrando qualquer tipo de carinho. E afectou-o de tal maneira não controlava a sua reacção perante o dia a dia. E simultaneamente, a rapariga que tanto o completava, sentia-o cada vez menos, mesmo que no fundo ele sentisse tudo o que sempre sentiu e acima de tudo ajuda, mesmo que não lhe confessa-se seja o que for. E ele refugiava-se em qualquer coisa que fosse capaz de o ouvir. Até que ela decidiu ir embora. E levou com ela todos aqueles anos. Como se alguém, calmamente caminhasse até um muro de memórias que o tempo construiu e com um sopro, o derrubasse. Para melhorar a situação, o episódio repetiu-se, mas desta vez viu alguém que lhe era realmente alguém virar costas praticamente na troca por outra pessoa. E não adiantava chorar ou gritar, porque ninguém ia entender. Mas nada o impediu de fazer tudo isso e muito mais. Passado uns meses, já com ambas as pernas amputadas, a avó faleceu. E o rapaz sentiu sob ele a pior das angústias e desesperos, sobretudo quando nunca, nunca foi capaz de confessar como gostava dela, quando ele sabia que ela merecia tanto ouvi-lo. Pela primeira vez, o rapaz viu pessoas que nunca tivera visto chorarem, como o seu avô ou o seu pai, até o seu tio mais novo. A mãe não conseguiu ir ao funeral. E os dias que se seguiram só aumentaram o vazio que o amor que o rapaz perdeu já tinha aumentado. O rapaz tinha todas as razões e mais algumas para se sentir a pior coisa que podia existir.
Lentamente, mas nunca deixando de sentir diariamente tudo de errado que havia para sentir, o rapaz foi lidando com o dia a dia. Os despertares sorridentes foram substituidos por outros piores que outrora podiam ja ter existido e as noites pareciam não ter fim. Porque tentava-se fugir ao dia dormindo e a noite passava-se em branco. A rapariga voltou, com algumas dificuldades, trazendo de novo aquele sentimento que misturado com a presença, o cheiro e o toque o fazia sentir em casa. Mas por pouco tempo porque mais uma vez, viu-se sem ela. E foi talvez ainda pior. Viu-se sozinho e vulnerável de novo, incapaz de mudar seja o que fosse, porque se dependesse dele, as coisas voltariam a fazer sentido.
Poucas semanas depois, conheceu um rapaz que apenas conhecia de vista da sua escola. E a empatia foi tal que não tardou um apoiar-se no outro, fosse em que assunto fosse, ao ponto de partilharem a mesma cama durante os fins de semana e as noites fossem sinónimo de abstração do inevitável amanhã. Os dois não procuravam alguém ou alguma coisa, talvez apenas um sitio. Para lá ficarem a divagar sobre tudo o que os levou até ali. E ora choravam, ora riam sem parar.
Foi então que o rapaz adoptou mais um gato, que apelidou de Bob, um recém nascido com um mês que mal se conseguia alimentar e nem a miar tinha aprendido. E foi crescendo, acompanhando o rapaz nas suas noites sem sono, sendo mais do que uma boa companhia.
Passado um tempo, um primo do meio primo do rapaz, despertou-lhe o vício pela pesca e foram muitas as tardes que aqueles dois passavam em frente a um pequeno rio nas muitas florestas da vila. Algumas pessoas ouviram dizer que o rapaz tinha aprendido a tocar guitarra e surgiu o convite dele, pela primeira vez tocar com alguém. E assim foi, entre barracas de coelhos e galinhas, o rapaz caminhou até uma sala improvisada com bateria e baixo, instalando a guitarra e o amplificador para de vez em quando fazer algo que lhe dê realmente gosto fazer. Até um dia que o meio primo do rapaz ficou no hospital. E entre as muitas visitas que o rapaz fez, sempre rindo e tentando dar boa disposição ao seu meio primo que lhe pedia sem parar para lhe fazer crepes, na semana do seu aniversário, o seu meio primo desapareceu. Foi quase impossível de acreditar que tal coisa tivesse acontecido, tal pessoa que conhecia tão bem o rapaz tivesse desaparecido. A única pessoa que o rapaz conhecia desde que se lembrava dele mesmo. E no dia do aniversário do seu meio primo, enquanto caminhava, carregando o seu meio primo lentamente, o rapaz chorou desesperadamente em frente de todos o que o conhecem de vista desde pequeno, enquanto via o seu meio primo que considerava um irmão de uma maneira que nunca sonhou poder vê-lo. Seguiram-se os pesadelos constantes, juntando-se aos da sua avó também. De conversas, de simples sorrisos e daquele peso no peito pelas únicas pessoas que viram verdadeiramente o rapaz crescer.
Desde então o rapaz percebeu que talvez, por tanta ânsia de viver, talvez já tenha vivido ou sentido mais do que consegue suportar e desde então tem passado os dias, só. Assim. Sem viver. Apenas tão mentalmente cansado de toda uma rotina tão dolorosa que as dores se manifestam fisicamente. Sentiu tudo o que alguma vez quis fugir.
E como todas as histórias têm um fim, esta deveria ser a altura para tal.