quarta-feira, março 30, 2005

Inconsciente


Olhar fixamente para o fundo da imagem.
Ter como música de fundo The Tangent Universe.
Parece que a qualquer momento algo ou alguém caminhará ao nosso encontro.
Enfrentem o que a mente tenta esconder.

segunda-feira, março 21, 2005

É tudo tão engraçado...

É engraçado como a vida nos pode pregar rasteiras.
Tudo depende da maneira como a pessoa cai. Tudo depende de como a vida faz a pessoa cair.
A vida pode muito ser traiçoeira ao ponto de nos deixar subir num balão de hélio até a uma altura em que o balão rebenta e descemos de tudo aquilo que construímos. E enquanto caímos, temos aquela sensação que nos aflige dentro do nosso peito. Aquele vazio que enche o nosso peito de dor. Como se de uma esfera morna se tratasse que aumenta de tamanho lentamente enquanto nos perdemos nas memórias adquiridas ao longo do tempo. Quando alguém não espera cair, a queda é bastante aparatosa. Quando alguém não percebe que está a cair a melhor das consequências é uma morte rápida e indolor pouco depois de se aperceber que tudo vai desaparecer, para que não sinta a falta de nada.
Durante a queda sentimos que não podemos fazer nada pelo que está a acontecer, não temos alternativa do que viver o resto do tempo que nos está reservado a sofrer, por tudo o que sempre amámos ficar para trás, por sabermos que tudo aquilo que lutámos nos deixou para trás. A velocidade que caímos é tanta que nos dá a ilusão do momento nunca mais acabar, fazendo com que a dor se prolongue e aumente dependendo da altura que caímos e de tudo o que construímos. E como se não bastasse, furamos nuvens, que nos oferecem pela última vez, os perfumes que nos fazem recordar momentos importantes da nossa vida de sonho enquanto subíamos. Em segundos na nossa mente vagueiam olhares, rostos, beijos, aventuras, músicas, momentos únicos que sempre nos fizeram sentir vivos e felizes. Tudo aquilo que nos deu confiança, tudo aquilo que um nos fez sorrir aparece-nos agora negado e a dor é indescritível...
Tudo aquilo que quase religiosamente agradecíamos com um sorriso segundos antes de cairmos no sono agora nos faz sentir o oposto. Porque tudo isso agora se encontra longe de nós, cada vez mais longe. E pelo meio não temos tempo para perceber o que aconteceu de errado. Só o suficiente para sofrermos porque tudo aquilo que sempre quisemos nos largou e nos fez cair!
As pessoas que nos observam não têm tempo para reparar que choramos a não ser que se cheguem tão perto de nós que vejam a nossa expressão facial, porque todas as lágrimas ao longe parecem o brilho de uma estrela cadente.
E quando pensamos que aquela pessoa que a conhecemos por brilhar intensamente é aquela que cai com a maior das dores. Talvez porque as pessoas nunca se aproximam verdadeiramente umas das outras.

Eu ainda estou a cair.
Mas já consigo ver o local da queda.

sexta-feira, março 18, 2005

Reflexão

Acho que me fui perdendo ao longo do tempo. Digo isto porque existem momentos em que numa fracção de segundo revivo tudo o que ultimamente se passou
comigo e parece tudo uma mentira, tudo parece errado e o meu único desejo para mim mesmo apresenta-se fechado numa caixa que se vai abrindo aos poucos.
Sinto sempre algo mas nunca o suficiente para saber o que quero de mim mesmo. O meu intímo esconde-se de mim, não sei porquê. Até ao dia que ele exploda cá dentro e aí os olhos que se abrem em mim nessas fracções de segundos me levem a tomar uma acção. Seja qual for, tomá-la-ei.
Se calhar estou habituado a deixar os dias passar e me contentar em saber que podia viver pior. Talvez porque saiba que no passado já passei dias muito mas muito fodidos e que aquela dor, aquele vazio constante no meu dia a dia era muito mais sentido naquele tempo do que actualmente. Não estou a pôr de parte a hipotese que num futuro próximo passe pelo mesmo. Simplesmente, neste momento, consigo visualizar os dias que passei dentro do meu quarto a olhar para o tecto de madeira sem me mexer um centimetro. A quando era obrigado, fechar as minhas pálpebras e abrí-las novamente enquanto da janela entrava o chilrear dos passáros que me faziam imaginar um belo dia de sol. Sei que existiram horas, dias, semanas, meses desperdiçados. E todo o resto do mundo viveu enquanto isso. Dias e dias em que a dor era tanta que eu tinha preguiça e ao mesmo tempo medo de adormecer. Estou ciente que já me manti acordado 72 horas. Sabia que no dia seguinte, quando acordasse, ia ter aquela sensação de despertar e me aperceber novamente do meu estado. Passei tantos dias sentindo-me mal que haviam vezes que já nem me lembrava porque estava assim. Talvez fosse aborrecimento, talvez fosse o produto de um racíocinio que antevia a minha vida como uma merda onde os meus ideais de vida eram completamente postos de lado e do futuro só me aguardava ainda mais angústia. Talvez fosse só mais um dia de mau humor. Talvez o resultado de uma soma de factores negativos na minha vida. Talvez fosse a minha vida que eu não queria. Porque era assim que me sintia. Um nada. Sem amor próprio. Sem amor como o conhecessem. Sem esperança. Sem vida.
Pensar nisto tudo não ajuda. Porque ainda o sinto.
Porque aqui estou eu sentado novamente. Lá fora está espalhado o calor que me faz sentir novamente naquelas tardes de Verão dentro do meu quarto onde passava o dia sem literalmente pronunciar mais do que 10 palavras. O dia de hoje faz-me recordar a maneira como encarava a vida que a cada momento que passa, com os meus verdadeiros olhos abertos, se revela cada vez mais verdadeira. E a minha consciência nem sabe como reagir, criando um bloqueio na minha mente do peso de uma barra de ferro que sinto de um lado ao outro da cabeça que me impede de pensar claramente e só me faz prestar atenção a pormenores como a maneira como as minhas mãos estão secas, como as minhas axilas me incomodam, como o tecido da minha roupa me incomoda quando toca no meu corpo, como sinto a minha cabeça pesada e oleosa. Eu sou bastante traiçoeiro. Não estou a falar do Bruno que as pessoas conhecem. Estou a falar de mim, de mim mesmo, como eu sou realmente. O meu inconsciente liberta agora os seus gritos silenciosos através de sonhos. Sonhos que me fazem entrar num mundo onde as coisas como as conhecemos se apresentam de uma maneira distorcida, de uma maneira invertida. Onde o maior movimento das pessoas é feito durante a noite, onde passo a maior parte do tempo a olhar para o céu porque está sempre estrelado e encontro sempre algo no céu que reluz como uma estrela e certas vezes acaba por me assustar levando-me a acordar. Outras vezes ando num autocarro com pessoas que me parecem familiares mas quando acordo não me lembro de nenhuma em concreto e sinto que nunca estive com elas. Eu queria que as coisas na minha vida se invertessem. Talvez seja isso. A minha angústia refugiou-se no conforto do mal estar adormecido dentro de mim. Isso só serviu para criar um vazio ainda maior dentro de mim.

quarta-feira, março 16, 2005

Glycerine

Já passaram dias a mais.

segunda-feira, março 07, 2005

Os Meus Dias

Já não me recordo da última vez de ter visto o sol nascer. Ou pelo menos acordar a horas para qualquer coisa. Hoje em dia tenho tanta dificuldade em acordar e encarar o dia. Existe uma dificuldade inexplicável que me impede de levantar quando acordo pela manhã. O sono é tão pesado, que o corpo não aguenta e fico preso literalmente em sonhos muito estranhos. Como imaginar o meu dia a decorrer ou uma situação que normalmente seria impossível como tomar um duche quente numa floresta com o som de carros que passam na via rápida mesmo ali ao lado.
Depois de ultrapassada a dificuldade de acordar, perder bastante tempo num duche com fim meditativo e de uma pequena conversa mental com a imagem que todas as manhãs o espelho me mostra, fecho a porta da entrada e ligo os auriculares. De repente vejo tudo a cores novamente. Tenho-me irritado com a facilidade que adormeço a pensar no autocarro, algo muito notório para quem normalmente me apanha no autocarro já muito atrasado para a primeira aula da manhã. Com os auriculares ligados e sem qualquer som exterior, a minha mente acede a momentos que me deixam ainda mais envolvido comigo mesmo e o processo de me levantar para apanhar o próximo autocarro é praticamente automático.
Começo a sentir-me preso a esses momentos também porque muito raramente tenho uma boa conversa com alguém. Sim, porque o que normalmente acontece é: ou não dizer coisa com coisa, ou simplesmente falar de coisas que não interessam a ninguém. E os únicos momentos em que me sinto bem comigo mesmo, são aqueles que vêm acompanhados de uma banda sonora definida por mim.
Sei também que estas linhas para determinadas pessoas são apenas mais umas linhas num blogue, mas para mim é o meu dia a dia. Ficar vários minutos com o olhar na janela do autocarro e com o meu pensamento a bater á porta do subconsciente acompanhado de uma determinada música que através das suas notas me farão imaginar, criar, recordar, um momento, uma situação, uma morte, um nascimento, uma noite, uma manhã, um simples segundo que nunca mais acaba. É o meu dia a dia. Talvez eu devesse reparar mais nas raparigas que entram no autocarro do que na discussão que o casal que parou no semáforo ao lado do autocarro está a ter. No modo como o homem ao volante agita o seu dedo indicador e a mulher se justifica gesticulando com as mãos cheias de anéis. Na maneira como o gato preto brinca com o gato branco em cima do muro. Na maneira como a mãe arrasta o filho pelo passeio com a pressa de cometer adultério. Ou no modo como o músico de rua toca e canta enquanto foca o seu olhar no chão. Talvez sejam detalhes que existam para pessoas sem vida própria repararem. Eu vivo de detalhes.
Vivo do detalhe do dó, do ré, do mi, do fá, do sol, do lá, do si e dos seus tempos possíveis e imaginários. Alimento-me dos pormenores que os detalhes sonoros introduzidos nos meus tímpanos e identificados pelo meu cérebro me fazem observar. De um modo romântico ou melodramático. Com uma angustia menos falsa que a do adolescente comum ou uma carga sentimental mais pesada para a maioria das pessoas que vêem sua vida um sacrifício.
Talvez seja o peso do dia anterior que custe a levantar na manhã seguinte.

quarta-feira, março 02, 2005

Hearts Strings

Our heart strings are our soul. Only we can choose if they make beautiful music... To our soul dance around us.