terça-feira, maio 13, 2008

Riding Pânico

Tomando do principio que possa existir a possibilidade de não haver qualquer sentido no simples padrão da razão comum a qualquer um... quando chegada a essa conclusão, já é tarde demais para qualquer lógica aceite pelos olhares mais condescendentes. E nesse instante, o abstracto domina quase que espiritualmente todos os significados da, á primeira vista, simples palavra: sentir.
Talvez seja complicado explicar como é deixar o corpo fluir sensorialmente sons, sob qualquer instrumento existente. É como drenar um pedaço de pensamento: abstracto e estranhamente realizador. Mas não será assim tão difícil apelar imperativamente a uma mente que se sinta, se faça sentir ou se deixe sentir. Se deixe ser. Pecado é nem saber o que isto possa querer dizer. Mas o que não há forma é de aprender a sentir, diz a mais estranha das lógicas.
Dá os goles que forem necessários. Água? Vodka? Não faço caso; o que te ajudar a engolir orgulho. Todo aquele que possa haver por qualquer dogma que não consigas explicar. Do mais social ao espiritual. Quando a dúvida surgir, porque irá certamente bater ao de leve nesta ou naquela parte do cérebro, convida-a a entrar. Tomem um chá, conversem. Existem até livros sobre desbloqueadores de conversa. Pode ser que por mero acaso se conheçam lugares nunca antes visitados; não fosse a dúvida uma vadia de mão macia.
Não existem dicionários, nem cursos apoiados em acetatos, mas sensações que formam ligações e ligações que geram sensações. Mesmo na situação de não haver necessariamente uma situação. Lugares. Pessoas. Pedaços de imagens que se fotogram mentalmente e momentos que accionam sentidos sem qualquer ordem. Sentimentos. Um crescendo em espiral. Infinitamente. Deveríamos de estar todos aqui para o mesmo, diz a conclusão após o chá com a dúvida.
‘ aproveite a nossa promoção ’, ‘ Já tem um ano e meio, e é tão bonita como a mãe’, ‘ próxima paragem: o que é que está a acontecer? ‘, ‘ já nas bancas ‘, ‘ Já deixou o voador mas ainda não se segura muito bem ‘, ‘ por si, oferecemos o melhor serviço ‘, ‘ próxima paragem: sem sentido ‘, ‘ Mas quando é que isso lhe aconteceu?’. ‘ Este mês a empresa ultrapassou o limite de capacidade de produção ‘, ‘ Ainda tenho que comprar o jantar ‘, ‘ É uma situação um pouco fora do vulgar ‘, ‘ Massa com quê? ‘, ‘ Temos uma equipa a tratar da situação mas’, ‘ Já estou com a massa até ao pescoço’, ‘ Teremos que aguardar mais estatisticas da segunda equipa em campo’.
Uma falta de controlo: pura e intensa; cheia de adrenalina. Ou então a não necessidade de controlo que nos apresenta lugar atrás de lugar. A gaveta dos adjectivos apela por aventura mas nesta, caso se decida aplicar tal palavra, não há fim á vista nem donzelas em torres guardadas por dragões. A vontade conduz. Não? Mas devia; Levar-te a ultrapassar a barreira do limite que possas conhecer. A sentir ambientes e silêncios. Até a tropeçar em madrugadas a caminho de um sitio para descansar. Em caso de dúvida, tomem um chá.
Não existe maior percepção temporal para além da que na fracção de segundo que se sorri, suspira ou até se respira, acontecem uma quantidade estupidamente ridícula de situações. Até o planeta se move. E não sendo um segredo de estado é, no entanto, um facto por vezes ignorado ou pior ainda, nem sequer pensado. Não é propriamente caso para exclusão social, mas talvez nunca seja demais lembrar que estamos rodeados de direcções que podemos tomar. A qualquer momento. A qualquer fracção de segundo.
Enquanto a cidade continua na sua constante agitação numa tarde de verão que traz vida a todas as ruas, nasce algures uma tarde de sexo ou amor; ou qualquer inesperada e espontanea situação que envolva a troca de sentimentos e sensações semelhantes ao intenso olhar apaixonado de duas criaturas. O sol muda de ângulo, o céu continua hipnoticamente azul e enquanto em todo o lado simultaneamente algo acontece, as divisões deixam-se invadir pela luz que tudo vê e deixa-se correr a água dos chuveiros. Abre-se a porta para se ouvir a cidade contar o que acontece na sua constante agitação de uma tarde de verão, para quem é claro, quiser ouvir. Para ver o rio correr, observar o lusco fusco aparecer, encontrar um jardim vazio, atravessar uma rua invadida por automóveis ou dar como reconhecido o facto de que a noite caiu e os lampeões ganharam vida. Conhecer as cores das estações de serviço vazias que contrastam com a noite. Rasgar a brisa amena das noites quentes em todas as direcções. Não há mais o que fazer senão agradar os fios ficticios sensiveis a qualquer sensação de qualquer situação. E quem sabe, a meio da noite já o sentido não faça sentido e nisso exista todo o sentido.