quarta-feira, janeiro 10, 2007

A preciosidade do intelecto

As velas iluminam a sala e o incenso queima sem parar. Lá está ele sentado num canto da sala, enquanto todos falam. No chão, num cobertor, de cigarro apagado já na mão. Existem copos vazios da noite anterior, assim como garrafas de vinho também. Maços sem tabaco, pratos de esparguete mal comidos e dezenas de beatas das mais variadas substâncias.
Levanta-se e veste o casaco do avó e sai porta fora. Caminha entre corredores vazios mais velhos do que ele, preparando-se para abrir daquelas portas enormes que já não se fazem mais.
- Espera!
- Sim.
- O que tens?
- Nada.
- Saiste porta fora. O que aconteceu?
- Tenho que sair.
- Voltas?
- Claro.
Mal a porta fecha, escondendo a imensidão de espaço que existe lá atrás, a luz de um dia cinzento da baixa prende o olhar. Este passeio velho quer ser caminhado, para qualquer lugar, entre centenas de casas velhas ou até abandonadas, estreitas e com as suas janelas características. Os cafés vazios e pouco conhecidos não precisam de encher para contar as longas histórias que possam ter. Ninguém repara em nada nem ninguém. Só existem ruas de pedra, estreitas e iluminadas por um céu cinzento que criam as sombras perfeitas de uma cidade dotada de uma beleza que ninguém entende. Acende-se o último cigarro e dos ouvidos fazem-se ouvir as guitarras e melodias da prison sex.
E inesperadamente, tudo parece fazer sentido.