quarta-feira, junho 15, 2005

O som do silêncio

Lá estava eu a dormir até tarde novamente.
Da janela já a claridade invadia o quarto e eu entre os lençóis, encolhia o meu corpo e escondia a cabeça debaixo da almofada. Eram os malditos pássaros com o mesmo chilrear de sempre que anunciam os dias quentes. Por momentos existe uma sensação de paz quando me concentro no meu corpo. Não se mexe um centímetro e sinto um silêncio que me preenche a mente de tal modo que me relaxa. Penso para mim que são destes momentos que as pessoas deviam viver.
A porta do quarto abre-se lentamente e consigo ouvir o som das roupas que se mexem até mim. Sentam-se na cama e permanecem em silêncio.
Dizem-me que já é de tarde e perguntam se me doi a cabeça. E lentamente digo um não com a cabeça.
Perco a noção do tempo, e por momentos adormeci, talvez minutos, talvez segundos. Quando dou por mim seguram a minha mão. Agarram a palma da minha mão e dizem que gostam de olhar para as mãos das pessoas. Confessam que as minhas são bonitas. Quase num gesto bonito e carinhoso sinto os meus dedos lentamente, desfarçadamente, tentando agarrar a outra mão que segura na minha palma.
Dizem-me que está um dia bonito. Não devia estar ali. Não solto uma palavra, nem um único som. Nem a minha mente é capaz de pensar em algo para dizer a ela mesma. Só uns pequenos murmúrios.
Voltam a prestar sentido à minha mão, acariciam o espaço entre os dedos suavemente e mais uma vez aparece um longo silêncio que quase nos faz ouvir o planeta a girar.
São nestes momentos que imagino como é estar no céu azul, a olhar para baixo, ouvindo o som do silêncio.
Em estar num lugar ou ambiente completamente diferente onde já seja noite e ninguém esteja na rua mas onde esse silêncio exista.
A voz volta a falar dizendo que há algo de errado. Mal ouvem o coração bater. E o fim está muito próximo.
É feita mais uma carícia na minha mão e rapidamente a recolho para dentro dos lençóis.
Solto um longo e escondido suspiro e fecho os olhos com força na vontade de esquecer tudo o que tenho dentro da minha cabeça ou cair num sono longe de memórias.

2 comentários:

Anónimo disse...

oh gajo...
nao sei.
gosto de ti* chega?

bjz*

zirumbi disse...

eu gosto de ver o céu de ca de baixo, é mais azul, é maior.
esta inquietação que tenho cá dentro, nao se acalma quando mergulho em mim... só quando olho para o céu...
olá!