terça-feira, abril 04, 2006

Escrito a 1 de Abril de 2004

Desperdicei tantos segundos e agora todos vão se escapando mais rápido...
Que agora quando penso neles me faz baixar o olhar e sentir os olhos a humedecer. Porque na verdade, eu tenho por ti, tu és, muita coisa que nunca imaginaste ser para mim. Coisas que nunca disse, coisas que sempre senti mesmo que enterradas por baixo de uma camada de apatia ou até de puro e indesejado mau humor.
Agora, as coisas estão muito diferentes.
Nem te deve passar pela cabeça que eu me preocupo, que eu te escrevo, mas não o faço por obrigação, nem por pena, faço-o pela primeira vez em 18 anos algo que nunca fiz porque nunca tive coragem e não por segundas intenções.
Não imaginas como é doloroso, desesperante, mentalmente letal, chamar pelo teu nome e não ver reacção tua. Perguntar se está tudo bem e continuares a olhar para o vazio. Saber que tive 18 anos a teu lado e nunca fui capaz de dizer o que mereces ouvir, de te acarinhar como me fazias quando eu era criança. Agora que cresci e me foram fechando dentro de mim, sinto-me um incompetente, estúpido, insensível pelas palavras que te acompanhariam para sempre não me saírem da boca.
Sinto-me mal por ver que esperas o fim da vida e o início da eternidade.
Estou farto de vomitar por dentro, sou tão egoísta.
Estou farto de chorar por dentro, falho constantemente para com as pessoas.
Gostava de poder engolir o mal que te possuíu, queria que ele me consumisse por dentro, se entranhasse entre as minhas unhas, que visses a minha dor por ti, como se fosse um pacto de irmãos. Mas eu não sou nada.
E tu pensas que tu é que não és nada para mim. Eu não sou mesmo nada, mas tenho tanta coisa tua guardada dentro de mim.
É compreensível as pessoas não perceberem o que sinto quando eu simplesmente não o digo, eu fui-me habituando a não demonstrar nada. Sou tão apático. Mas por mais que tente, mesmo que agora sejas tu que não me fales, eu não consigo.
Ver-te como eu agora te vejo, imaginar-te como tu eras e agora como tu estás, ouvir a tua tentativa de me murmurares algo, de me acariciares a cara para me reconheceres, os teus gemidos tentarem criar palavras, da tua presença ser mais intensa, mesmo que não te consigas mexer, mesmo que eu agora te queira dar o abraço que nunca te dei, mesmo que saiba que a morte nunca esteve tão perto, eu simplesmente não consigo parar de chorar e dizer que te adoro.
Tudo o que eu consigo sentir é uma grande dor, de saber que não te consegues exprimir, de saber que te sentes sozinha durante a noite, de não conseguires chorar, de não conseguires sorrir, de simplesmente saber que nunca mais te vou ouvir! E tantas vezes eu detestei a tua voz, a tua opinião sobre as coisas. Agora que recuo no tempo, que me vejo contigo no passado onde eu por fora sempre demonstrei o desagrado de socializar contigo ou seja com quem for e por dentro sempre gostei de te ter por perto, vejo o que desperdicei e sinto-me tão mal.
Sinto-me tão mal por saber que já estás de partida e eu continuo o mesmo, sem conseguir exprimir algo tão intenso dentro de mim. Mergulho no silêncio contigo porque não te consigo falar e já não me falas porque não o consegues, todos os pormenores me entristessem. Só uma borboleta voa dentro do meu coração, sinto cada batimento das asas dela. Não sei se a minha presença te agrada, não sei como começar por te dizer o que sempre senti, simplesmente odeio saber que eu sou o principal culpado por nunca te sentires verdadeiramente feliz.
Agora que te vejo no fim, começo a ter saudades do ínicio.
Mas o que sinto sempre existiu, mesmo que para muitos eu não fosse algo mais do que um frio e mal agradecido.
O que mais me incomoda é saber que agora mais do que nunca estás sozinha, suspiras á espera que o amanha não exista, porque se existir só te vai matando aos poucos por dentro, assim como me mata a mim também sempre que estou contigo.
O que mais me incomoda, é o teu olhar, a força com que agarras a minha mão quando eu a tento separar da tua, e abres bem os olhos para mim como se fosse um sinal para eu ficar. O imaginar-te chorar por dentro, dando gritos silenciosos levando-te mais tarde ou mais cedo á insanidade.
Gostava que tudo mudasse para melhor, que me perdoasses para eu conseguir parar de desesperar e chorar.
Gostava que te conseguisse dar o melhor, porque tu o mereces, porque tu atravessaste esta vida e simplesmente o mereces.
Adeus.

9 comentários:

Rosentau disse...

Gosto do que tu escreves,gosto de ti.Só isso.E desculpa entrar assim.

Rosentau disse...
Este comentário foi removido por um gestor do blogue.
Anónimo disse...

E a vida continua..

" Nada disto é agradável ou desagradável, é um outro estado de singular lucidez que pode prolongar-se horas a fio entre uma espécie de escuridão primordial e a fulguração dum tempo ainda por vir, ou já eterno.
Fico assim, perdido no fundo de mim mesmo, sem nome, sem olhar para o que me rodeia, sem corpo que me transporte, sem pensamentos.
Quanto à memória, é terrível. Umas vezes vai buscar imagens distantes de acontecimentos que, em geral, ainda virão a suceder. Outras, pura e simplesmente não há memória de nada. Um pouco como se tudo começasse a ser a cada fracção de segundo, e levo um tempo infinito, desumano, para erguer de novo, peça a peça, o que sou.
A embriaguez é um momento de vida incendiada, ou suspensa, e a ressaca um tempo de lenta e demorada reconciliação com o mundo, e comigo mesmo.
Mas um dia, tenho a certeza, não terei forças para me reconciliar com o mundo, nem vontade de regressar de onde estiver. Continuarei a beber ininterruptamente e não haverá mais ressaca, nem dor.
Seduz-me a ideia de vir a morar num corpo que já não sente, etílico talvez, transparente, e com uma leveza de cinzas. "

Al Berto


Rose*

zirumbi disse...

fodasse brunu.

ultrapassa-te.

Anónimo disse...

ouvir o raio da musica fez bem bem. curou-me momentaneamente

Anónimo disse...

era so pa deixar um bjinho.
pk isto anda meia marado.
em tdos os sentidos.
e pk esperamos por voces mas nao apareceram e eu tive pena...



*

Anónimo disse...

Remorso.É mesmo assim, tal qual. Mas é por causa dessas mesmas contingências que somos tangíveis e ás vezes até alegres. Fica bem.

Anónimo disse...

Excellent, love it! » » »

Anónimo disse...

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