terça-feira, outubro 04, 2005

Doce, suave e inocente

E mais um longo suspiro é interrompido por uma voz.
Doce, suave e inocente.
Como um feitiço para os meus ouvidos que desde sempre ansiaram por uma voz que me diga a mais simples das frases. Que me confesse todos os seus enigmas. Que apenas me peça compreensão.
Dois corpos deitados no chão, numa noite em que as ruas tristes da cidade se envolveram num nevoeiro sombrio, criam uma ligação, em pleno silêncio. Nada no mundo existe a não ser aquele momento que será lembrado como o momento que duas pessoas sentiram uma liberdade única.
Porque tudo o resto parou de existir e apenas aquele espaço é real.
Onde existem dois corpos que fixam o olhar no céu estrelado, numa busca por uma liberdade incompreensível.
Apenas uma busca pela liberdade extrema, presente em momentos tão simples mas os únicos em que a liberdade é tanta nos invade. Sem qualquer tipo de tempo para pensar no que aconteceu no passado ou no que fazer de seguida. Um momento único que aliena tudo o resto e apenas permanece a fantasia que as duas pessoas presenciam e em que vivem.
Não crescem sorrisos, somente uma bolha de conforto dentro dos dois.
Porque ambos querem vida.
Sejam deitados numa madrugada em plena praça deserta.
Sentados na margem do rio numa floresta durante a noite.
Caminhando sem rumo nas ruas estreitas de uma cidade desconhecida.
Dormindo em estações de comboio sem ter que apanhar seja que comboio for.
São momentos para aqueles que procuram algo por encontrar.
São momentos que poucos entendem.
São momentos a que nunca tivemos direito.
Onde a apatia dança à nossa volta.
Onde o nosso ser se sente completo.
Por sabermos que presenciámos algo único.
Onde uma liberdade juvenil é vivida sem limites abençoando tudo aquilo que somos.

2 comentários:

Anónimo disse...

eu ja tive direito.
nao tnh mais...

*

pisconight disse...

São momentos que me fizeste recordar das minhas noitadas há uns anitos atrás ;)

E que momentos... Ai, ai...