terça-feira, julho 31, 2007

A segunda pessoa do singular

Seguiste um rumo sem procurares qualquer um que fosse. Deixaste-te levar pela vontade. Fechavas os olhos com um sorriso quando aquele momento que todos ignoravam parecia queimar-te a alma de prazer. Muitas foram as vezes que paravas no tempo para te perderes no céu azul que observavas silenciosamente, quando não mergulhavas no nevoeiro de uma manhã adormecida ou te banhavas na chuva numa rua qualquer.
Drenaste tantas sensações que criaste o teu próprio aroma. Foste capaz de colorir as consciências mais cinzentas. Houve até uma altura que nem precisavas de acender o teu próprio cigarro.
Deixavas-te guiar pelos sons que te desenhavam as pinturas mais abstractas que este mundo conheceu e voltavas a ti serenamente. Num suspiro. E sorrias. Sentias com a alma quando te apaixonaste pelo vulgar. E o teu olhar transmitia a serenidade ausente em todos os que a procuravam. Acreditavas numa luta intelectual pela liberdade de sentir, que acabaste por espalhar no perfume que eras. Re-inventaste até o sentido das palavras. Foste o som, a cor e a essência num novo significado de sentir.

Mas um dia mentiram-te quando te confessaram a verdade que querias ouvir. A partir desse momento, nunca mais foste o que um dia fizeste de ti.

8 comentários:

Anónimo disse...

belíssimo... nunca imaginei que numa terra como esta houvesse tanta sensibilidade à solta


luna

Paulo Brás disse...

perdeu-se algo único. vida cheia e conforto.

j. disse...

"Drenaste tantas sensações que criaste o teu próprio aroma."

e que aroma seria esse? como seria ele?

(gosto mesmo das tuas palavras.)

Klatuu o embuçado disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Klatuu o embuçado disse...

Já postavas qualquer coisita... :)
... Mote:

Vinhamos os três e...

:)
Abraço.

Anónimo disse...

há pessoas assim (poucas...raras), demasiado especiais, que nem se dão conta disso até serem destruídas...só quando isso acontece é que olham para trás e vêm o que foram. *

Anónimo disse...

o que eu estava procurando, obrigado

Anónimo disse...

Aprendi muito