segunda-feira, setembro 12, 2005

Apatia

Estávamos os dois sentados no sofá, de pijama vestido, a olhar para o local da estante onde falta a televisão que ainda não comprámos.
Não pronunciávamos uma palavra e apenas se ouvia a chuva cair no telhado. O olhar não se desviava da parede. O colchão, sem cama, no chão do quarto, tinha como sempre os lençóis por fazer e havia um monte de roupa suja no chão. Levantei-me e fui até a janela de madeira do nosso quarto. Conseguia ver a névoa que a chuva formava ao longe. Mesmo ali ao lado, a água morta do rio era castigada pela água da chuva levando com ela todos os desejos que um dia pedi a olhar para aquela água serena. A erva por outro lado ganhava um verde mais carregado, contrastando com a enorme névoa cinzenta no céu. Os carvalhos e pinheiros sentiam as suas folhas choramingarem pequenas lágrimas mas não havia sinal do vento, apenas a chuva levemente fazia-se ouvir dentro de casa. Da outra divisão consegui ouvir o teu longo e sentido suspiro e baixei o olhar ao nível dos meus pés descalços.
Dirigi-me ao quarto de banho. Quando lá entrei afastei a cortina do chuveiro e liguei a água quente. Em poucos segundos o vapor de água quente invadiu o tecto. Lentamente fui tirando as calças e a camisa do meu pijama com riscas vermelhas e cinzentas e nu entrei no chuveiro.
Enquanto a água quente que me caía directamente na cabeça e escorregava pelas costas me relaxava os músculos, mantinha o olhar cabisbaixo e o pensamento num lugar até por mim desconhecido.
Foi então que a cortina do chuveiro aos poucos se foi abrindo novamente e do outro lado estavas tu nua. Sem desviares o olhar do meu, entraste no chuveiro e ali ficámos os dois debaixo do jacto de água quente olhando um para o outro. O teu olhar, assim como o meu, foi ficando cada vez mais triste e começaram a formar-se as primeiras lágrimas por escorregar. Colocámos os braços em torno dos nossos corpos e com a tua cabeça no meu ombro senti o teu choro enquanto também eu, entre o teu cabelo molhado, soltei as minhas lágrimas silenciosamente.
Enquanto a água que nos aquecia caía pelos nossos corpos e após um ou dois suspiros, ainda com lágrimas escorregando pela face, esboçamos pequenos e inocentes sorrisos.

3 comentários:

Anónimo disse...

seu porco!! Não sabes k há menores k também le o k tu escreves?!isto não tem a bolinha vermelha no canto superior direito.isto é uma pouca vergonha...erotismo ao mais alto nivel completamente explicito.depois ademiram-se de haver cada vez mais maes k nem 16 anos tem...com mensagens destas....

Anónimo disse...

Uma lágrima.
(Só.)

Anónimo disse...

pequenos e inocentes sorrisos...
esses sao os mais sentidos, os mais lindos de 'viver'.
e ha poucas coisas k nos fazem esboçar esses tais sorrisos..
se inda nao encontraste as tuas razoes (e eu acredito k ja as tiveste..), espero sinceramente k um dia as encontres. e eu acredito k sim :)

bjinho*