segunda-feira, dezembro 19, 2005

Angústia

As palavras fogem da minha mente para dar lugar a mais um conflito de pensamentos que acabam sempre por me destruir mais um pouco.
Sinto-me incapaz de fazer sentido. É só mais uma vez que perdi o controlo de mim mesmo. Perdi de tal maneira que, mais uma vez, sozinho neste quarto, ouço em mim a minha voz aos gritos, enlouquecida e desesperada. Faltam lágrimas de verdade que não escorrem. Lágrimas ausentes que aumentam ainda mais a tensão pronta a explodir a qualquer momento à medida que vou gritando dentro de mim.
Mais uma vez, estou aqui, neste quarto que já me viu de tantas formas mas que apenas me conhece desta, doente dos olhos. O desespero supera-se a si mesmo e sinto-o de tal forma que a minha vontade é não me ter, mesmo que no fundo, esteja na verdade perdido. Incapaz de imaginar mais uma noite nesta situação que desgasta, destrói, me apaga e me mata e de me consciencializar de tudo o que por mim passou, sinto-me preso em mim mesmo. Perco a vontade que subitamente possa ter ganho de gritar quando me recordo que vivo rodeado de paredes surdas.
Estou sozinho.
Sinto a angústia de quem pegou num telefone e telefonou vezes sem conta à felicidade sem que uma chamada fosse atendida, fazendo que cada segundo em espera fosse uma eternidade dolorosa, até que depois de tanto desespero sentido, em mais uma vez que a mão tremendo marca os dígitos, descobrimos que desligou o telefone para não ouvir esta chamada recheada de uma amargura assustadora.
Estou tão sozinho.
Gostava que fosse um pesadelo. Mas esta sensação nunca acaba a menos que, contra a vontade, adormeça. No dia seguinte, custa o acordar de uma mente que lentamente se apercebe da situação em que vive. Este enorme peso que faz querer dormir mais um pouco. Mas esta noite não se dorme. Morre-se.
Morre-se pela vida que se perdeu, pelas palavras que nunca foram ditas que doeram tanto, pelo desespero de alguém que ficou guardado por aí.
Não me sinto são e quero gritar com todas as forças que tenho em mim até cair no chão e por fim chorar. Quero largar esta carga emocional que me prende em mim mesmo. Por tudo aquilo que fiz e não fiz. Por tudo aquilo que sou e nunca fui. Eu. Mereço o esquecimento. Tive-o. E neste momento, o mundo vive-se sem mim. Eu choro fechado em mim mesmo pelo ódio por mim. Raiva! Quero bater com a cabeça na parede até que doa demais para pensar! Quero-me fora de mim! Quero conseguir chorar!
Estou tão sozinho, que aqui sentado, sem mover o olhar sinto um turbilhão de emoções que me desgasta psicologicamente. Sinto-me cansado de mim mesmo.
Não quero mais isto! Estou neste canto, onde a música parou de embalar e o sorriso se perdeu com o tempo. Estou preso a estes dias desperdiçados na dor da solidão, do sol que teima em aparecer e fugir lentamente, como uma tortura para quem vê o tempo passar para nunca mais voltar. Perdi a vontade de viver algures. E com ela a vontade de a procurar. Não quero sentir mais um dia de novo. Apenas serve para me lembrar que não existe nada para além da existência de um corpo que se desgasta à medida que se relembra de quando tentou viver.
Estou usado. Acabado. Morto. Sinto-me dispensável de um mundo a que outrora tive direito. Hoje esse mundo virou as costas. Deixei lá tudo o que era meu e fiquei aqui, fechado, num destino que alguém, mesmo gostando de pensar que não, me ofereceu. Sou mais um adolescente que pensa que lhe acabou a vida na angústia do que é viver.
Não… Não sou. Eu fui alguém. E hoje, sou o primeiro louco a saber que perdeu a sanidade.

5 comentários:

Anónimo disse...

eu conheci te de outra forma.
isto nao é o bruno k teve cmg akela qse uma semana. e eu sei k esse bruno nao desapareceu...
e bolas! keria tanto conseguir dar te a soluçao pa acabares com isto, com esse sofrimento! os amigos nao deviam falhar... e eu tou a falhar...

mas as coisas vao se melhores. um dia. temos k acreditar! se nao... nao sei. a vida nao pode ser so isto, pois nao?!

nao... nao pode. e nao é.

eu sei k um abraço deste te pode matar, cmo dizes, mas deixo o na msm*

Anónimo disse...

hmm.. apesar da tristeza, n posso negar q gstei do q li.. no entanto, uma pessoa fica sem sem saber bem o q dizer ao ler coisas destas. n diga nd, pronto.
hmm.. narc..? isso soa-me a interpol =)~~
bjinho *

Anónimo disse...

Muito profundo e sensivel este teu texto...lido ao som desta música, bate no peito uma nostalgia. Um beijo enorme

Anónimo disse...

gostei do teu comentario =)
eu tb concordo q podia (e devia) aproveitar mlhr certaws coisas.. mas as vezes é tao dificil fazeres aquilo que achas certo...
ainda em relaçao ao teu texto, cm nao te conheço nao posso perceber se sentes mm aquelas coisas todas... mas se a resposta a minha duvida é afirmativa, espero entao q ja tenha passado =)**
btw, a narc é a minha musica preferida do antics =P
bjinho*

Anónimo disse...

é espantoso como conseguiste por em palavras esse sentimento que te assolou.. parabéns pelo texto...muito profundo mesmo. eu mesma já fui assolada por sentimentos desses, mas nunca os consegui exprimir de maneira lógica, profunda e clara como tu!ao ler o teu texto o meu coração acelerou e pareci sentir tudo o que sentia nesses momentos. de vez em quando sabe bem recordar mesmo os maus momentos que, se pensarmos bem, não são assim tão maus porque nos ajudam a conhecer-nos e a perceber quais as falhas em nós que não toleramos. e isso ajuda-nos a mudar. só espero que desses momentos dificeis tenhas já tirado a tua lição e que deixes de ser assolado por eles outra vez!

P.S: devo só acrescentar que nesses momentos uma das minhas banda-sonoras preferidas era o Obstacle 1, tema dos interpol (como bem deves saber). aliás, este continua a ser o meu tema predilecto deles...